terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A onça quer beber água

Como prometi, aqui estão as considerações do ex-prefeito jaguariense Caio Jordão (PMDB), que usa a imprensa como forma democrática de levar suas idéias às comunidades regionais. Como venho fazendo deste o início da transição administrativa de Jaguari, dando guarida às duas partes envolvidas, abro espaço agora para o ex-prefeito e apoiador da atual administração, o qual, mesmo na praia, soube de todos os assuntos importantes sobre seu município. Afinal, a onça também gosta de beber água e, ao que tudo indica, chegou a sua vez.

AS DÍVIDAS DE JAGUARI 
Caiu a máscara!
(por Caio Jordão)

Política se faz com respeito à lei, à liberdade e à ética, procurando ser reto, coerente, na busca incansável do bem comum e assim construir um exemplo de seriedade, respeito ao contraditório, convivência com os contrários, subordinação à lei, prática diária da democracia e da decência.  Ninguém convive bem com o poder se não tiver a coragem e a competência de ser administrador. No discurso as palavras resolvem tudo, fazem verdadeiros milagres, mas na prática é diferente. Não podemos ficar só no discurso e nem com oportunismo apontar um culpado e transformar o mandato em um faz-de-conta.

Pois foi exatamente isto o que ocorreu com a administração do município de Jaguari no período de 2001 a 2008. Muita conversa e pouca ação. Um verdadeiro faz-de-conta. O que foi feito contraria todos os princípios éticos, morais e administrativos. Neste período, este sujeito que era o Prefeito até dezembro de 2008, quase que diariamente ocupava o espaço nobre que os veículos de comunicação lhe ofereciam (rádio e jornal), somente para fazer discursos falando da dívida que eu havia deixado e enganando a população dizendo que agora a situação do município era a melhor da região, enfim, mostrando um quadro totalmente diferente da realidade. Ora, não é assim que agem as pessoas de bem, não é assim que se administra um município, não se brinca com as pessoas desta maneira, mas agora “a máscara caiu”.

Tem um dito popular: “aqui se faz, aqui se paga”. Como disse anteriormente, e os Jaguarienses devem lembrar bem, nestes oito anos só se ouviu falar nesta questão das dívidas que deixei, alimentando assim seu desejo de ódio e vingança, procurando apontar um culpado para sua incompetência de administrar o município e transformou o seu mandato num faz-de-conta, só se preocupando com estas coisas mesquinhas e esquecendo-se de administrar o município.

Agora que a máscara caiu e foi divulgada a grave situação financeira do município, é importante fazermos uma reflexão sobre o que foi dito durante estes últimos oito anos. Tomei conhecimento pela imprensa escrita e falada que este sujeito que era Prefeito de Jaguari, Ivo Patias, que ele deixou uma dívida de aproximadamente de 3 milhões e 250 mil. É um valor extremamente alto, considerando o orçamento do município. Mas o pior não é isso não. 

Na gestão pública, quando se mostra ações que beneficiem o interesse público e a necessidade de se fazer o investimento necessário é perfeitamente compreensível que fiquem dívidas, dívidas estas em valores suportáveis são normais, mas o que se observa, além destes valores serem extremamente demasiados, não se tem conhecimento onde o recurso público foi aplicado. 

Tomei conhecimento também que até cheques sem a previsão de fundos foi emitido por esta administração que felizmente saiu no dia 31.12.2008. Isto é um absurdo, um crime, uma incompetência sem tamanho. Nunca tinha visto coisa igual em administração pública.

Porém, o mais grave é ter enganado a população o tempo todo, dizendo quase que diariamente que não havia mais dívidas, que tinha sido pago tudo e que o município tinha recursos disponíveis em caixa, que estava tudo maravilhoso. É lamentável que ainda existam pessoas que agem desta maneira. Ao longo do tempo tivemos administradores em Jaguari, que faziam política com lealdade, com decência, procurando sempre o bem comum, que souberam administrar o município, com competência, com lisura, com transparência, com respeito aos adversários, enfim com tudo aquilo que se exige de um administrador publico. Infelizmente não foi o que observamos nestes últimos oito anos. 

Gostaria de lembrá-los da dívida que restou do meu ultimo mandato, em 31.12.2000. Havia um total empenhado, conforme registros contábeis, no valor de R$ 817.124,00, tendo valores a receber referente a tributos parcelados ou não pagos, no valor de R$ 411.287,00 e R$ 301.655,00 a serem repassados ao município em função de convênios, ficando um saldo a pagar de R$ 104.182,00. Repito R$ 104.182,00. Existia também a dívida Fundada, proveniente do Fundopimes, CEEE, CRT, INSS e Troca-Troca de Sementes, com parcelamento em longo prazo, no total de R$ 293.817,26.

Por outro lado, existiam dez contratos assinados no final de nosso mandato, que eram recursos conseguidos através de emendas no Orçamento Geral da União, no valor de R$ 350.000,00, que seriam repassados no início do ano 2001, referentes aos programas Morar Melhor, Prodesa, Fruticultura, Fonte Drenada e Eletrificação Rural, destinados à construção de unidades habitacionais, sanitários, eletrificação rural, poços artesianos e apoio à vitivinicultura.
Portanto, esta era a tão propalada dívida que eu deixei. Se fossem descontados os valores a receber, ela praticamente inexistiria, ou seja, seriam valores irrisórios. Mesmo sem descontar estes valores ela seria perfeitamente suportável, era só ter um pouquinho de competência.

Quando assumi meu segundo mandato em 01.01.97 recebi do Marcondes e deste sujeito Ivo que era o vice-prefeito, uma dívida de exatamente R$ 1.234.805,00, portanto, muito maior do que a deixada por mim. Sequer pagaram as prestações da Escola São José que eu havia adquirido no meu primeiro mandato. 

Neste período compraram apenas um trator carregador e não pagaram. O que fiz então: não fiquei os quatro anos falando de dívidas como ele fez. Procurei trabalhar incansavelmente para pagar estas dívidas e cumprir com a missão de administrador municipal, realizando obras e ações de interesse da comunidade e se formos verificar os relatórios da época, poderemos constatar que foram muitas as obras que realizamos ou que iniciamos, muitas delas que infelizmente não tiveram continuidade, citando como exemplo a ROTA TURÍSTICA NOSTRA COLÔNIA. Só não acabou com a Rota Turística, com o Carnaval de Rua e outras que nós iniciamos, porque a comunidade não deixou. O que ele pôde, ele acabou. 

Quanto ao parque de máquinas eu ainda não ouvi da atual administração a real situação do mesmo. Pelo que pude observar ainda estão em funcionamento praticamente as máquinas que eu adquiri no meu primeiro mandato de 1989 a 1992. Falando nisso é bom lembrar que quando assumi em 01 de janeiro de 1989, no dia seguinte não consegui sequer carregar o lixo da cidade, pois não havia sequer um caminhão em condições. Quanto às máquinas, eram praticamente sucatas. Não havia nenhuma em condições de uso. Tive que mandar reformas algumas ainda antes de assumir. Mas eu também não fiquei todo o tempo falando nisso e sim mandei consertar tudo e adquiri várias máquinas novas, que ainda hoje estão em uso, para atender a necessidade do município.

Comunidade de Jaguari. Desculpem trazer à tona este tipo de assunto, mas infelizmente quando convivemos com pessoas despreparadas para exercer função ou cargo público, somos obrigados a fazer tal manifestação para que se possa restabelecer a verdade. 

Um abraço a todos
CAIO JORDÃO
Ex-Prefeito de Jaguari

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