quinta-feira, 20 de agosto de 2009

20 anos de Jornalismo

Pombal, como eram conhecidos esses apartamentos da Cohab, onde eu morei por três anos.

O amargor do desemprego

Eu só deixei esse serviço porque a Instaladora Aliança, que tinha contrato com a CEEE, perdera a licitação para a Instaladora Braga, de Santa Maria. Nela, cheguei a trabalhar por uns dois anos. Para mostrar serviço assumi a tarefa de fazer todo o percurso do trabalho no interior em cima de uma motocicleta. Sofri os diabos. Aquela moto estragava e eu tinha que empurrá-la até a fazenda mais próxima. Mas eu era o único que sabia toda a extensão rural.

Desde Cruz Alta até Júlio de Castilhos, Limeira, Pinhal, Saldo do Jacuí, Tupanciretã, Jóia etc. Até pensei que nunca me tirariam desse labor. Eu era o que sabia o trajeto. O pau-pra-toda-obra. Aprendi na marra o serviço e fiz até mapa dos rincões, fazenda por fazenda, granja por granja. Mas foi só mudar de firma, e me botaram para a rua.

Pela primeira vez provei do amargor do desemprego. Fiquei assim por mais de semana. Sabem porque saí desse serviço? É que a dita empreiteira Braga atrasou o pagamento da turma por três meses e ninguém mais queria trabalhar sem receber. Precisavam comprar a comida em casa e não tinham de onde tirar. Houve então um princípio de greve e acabei sendo acusado pela direção da CEEE, pelo gerente Carlos Murussi, de estar encabeçando o movimento. Pronto, entrou a outra firma e não me deram chance.

Como eu já era casado, e a Suzana trabalhava como telefonista para CEEE, também contratada por uma empresa terceirizada, foi ela quem sustentou a casa durante o tempo em que não recebia e quando fiquei desempregado. Mas essa mudança, esse fato de me tirarem um trabalho que eu gostava de fazer, e onde eu era expert, me ensinou uma grande lição.

A de que ninguém é insubstituível. Eles tiveram que reaprender todo o trabalho rural, mas não me levaram junto. Fiquei no olho da rua sentindo o amargo sabor do desemprego. Aqueles 15 dias sem fazer quase nada me mataram. Foi um horror que só passou quando um vizinho, chamado Morine, hoje meu compadre, me levou para o Diário Serrano, onde aprendi o ofício de jornalista que tornou possível a fundação do Expresso Ilustrado.

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