sábado, 22 de agosto de 2009

20 anos de Jornalismo


Cartas de amor

Morando em Cruz Alta, permanecia uns 70 km distante da Suzana, que ficava em Júlio de Castilhos, na casa de sua avó Alda. Uma distância não muito grande, porém, para mim, era quase um oceano. O jeito era amenizar a saudade pensando nela e, como já gostava de escrever, matava as horas formulando algumas cartinhas. Cheias de erros ortográficos, é verdade, mas garanto que as afirmativas ali contidas eram as mais profundas e sinceras, tanto, que a Suzana as guarda até hoje. Foi um tempo marcante para nós dois e, às vezes, relendo as cartas, parecemos voltar no tempo. Com isso, retemperamos nosso amor.


Querida Suzana:
(carta)

Numa noite linda nos conhecemos, numa noite linda fomos apresentados um ao outro. Não recordo somente isso. Recordo também que passamos uma noite muito agradável e que tu estava linda, linda como a própria noite.

Suzana, hoje é sábado. Me encontro muito só. Há pessoas comigo: minha irmã, meu cunhado, mas estou só mesmo assim. Sinto demasiadamente a tua falta. Penso no que estará fazendo, em que estará pensando, enfim, em tudo...

Recebi tua carta e fiquei feliz. Só não entendo por que não me contas as novidades a teu respeito. Ah! Elas não existem? Tudo bem, mas pelo menos diga-me: nos fins de semana tu estuda, passeia, brinca, paquera, pensa em mim? Não penses que eu quero saber demais.

Não! Estou é aflito de saudades. Não entende isso? Será que não percebeu que é muito importante para mim? Não percebeu isso em todos os dias que tivemos ao nosso alcance, que eu...que eu preciso muito de ti?

Suzana: se não te interesso mais, se eu nunca te interessei, se foram só momentos de ilusão, apenas uma empolgação, tudo bem! Eu aceito a realidade. Mais vale uma triste verdade que uma alegre mentira.

No íntimo do meu íntimo habita esta paixão sedenta, paixão louca, louca por mais amor. Meu pensamento fica vasculhando minha mente à procura de lembranças tuas, à procura de lindas recordações, Suzana. No entanto, no entanto tu me diz que está um pouco confusa?
Suzana, eu preciso te ver, nem que seja para ouvir: “Oi? Como vai?” “Adeus, João!” “Amor, eu voltei.” “Me esqueça”, ou ainda ouvir: “João, eu vim pedir para você me amar”. “Voltei para ficar contigo.”

Não importa a frase, só tu me importa. És uma pessoa maravilhosa e teus defeitos são apenas uma máscara que envolve uma parte da pessoa linda que és.
Querida, eu tive muitos problemas. Minha mãe ficou muito doente. A propósito: minha futura (talvez) sogra conheceu minha mãe e falou que ela é muito legal.
Como não dá mais o papel, vou parando por aqui.
Aguardo respostas em breve.
Um beijo e adeus.
João Loredi Lemes
Cruz Alta, 5 de maio de 1987.

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