sexta-feira, 11 de setembro de 2009

20 Anos de Jornalismo

Hoje, 11 de setembro, vou contar da minha queda.

A recaída

Me considero um homem determinado, que adora desafios, e fazer o jornal do Renato (Pelica) era uma grande e divertida luta. Não havia nem máquina fotográfica à disposição, que dirá um computador. Hoje o Semanário tem de tudo. Sem falsa modéstia, foi a minha família quem ajudou o Renato a dar os primeiros passos no mundo tecnológico.

A começar pelo computador, a Sandra e eu tivemos que nos meter na compra e garantir parte do pagamento. Fizemos uma espécie de sociedade com o patrão e, no fim, deu tudo certo. Não me arrependo disso. Foi outra boa experiência. Só que, antes disso, era na cola, na tesoura, na química para revelar. Eu não tinha nem um veículo para sair atrás dos fatos. Dependia de ônibus, de carona e das minhas pernas. Tempos bons.

Como o meu tempo era escasso e nos fins de semana precisava trabalhar no meu jornal, no Expresso, em Salto do Jacuí, acabei ficando sem poder descansar, daí aquele estresse medonho. Assim que pude me recuperar desse mal, veio outro pior, a dita depressão, por circunstância dos medicamentos usados, creio eu. Dizem que reviver o passado é sofrer duas vezes, nem por isso deixarei de contar que passei muito mal. Quizera morrer.

Cada alvorecer representava uma tortura a mais. Hoje eu sou capaz de medir o que sente um drogado ao largar o vício, um ser em depressão profunda. O sujeito foge das pessoas como o diabo da cruz. Mergulha num abismo sem querer voltar à tona. Vai definhando de tal modo, que uma bala na cabeça seria o melhor remédio.

Digo isso sem medo de estar fazendo apologia ao suicídio, mas para contar como foi que eu venci a mim mesmo, é preciso usar tal palavreado. Preciso contar como foi que eu fiz para me livrar daquele mal da alma, daquela dor invisível que me corroía a cada hora.

O mal pelo qual passei me fazia sofrer duplamente ao chegar em casa e ver meu filho ainda pequeno. Sabia que ele dependia de mim e isso me deixava ainda mais triste e abatido, fraco, ansioso. Por raras vezes eu ficava alegre e, como se alguém me desligasse, caía na mais profunda angústia. Uma vez, abandonei o serviço que fazia verificando a impressão do jornal O Semanário lá no Diário Serrano, e saí pelas ruas de Cruz Alta em completo desatino.

Quase desmaiei em pleno calçadão. Naquele momento, pensei em todos. Na minha mãe, irmãos, amigos... mas foi o pensamento na Suzana que me fez levantar e pedir ajuda numa farmácia.

Para abreviar o tempo tenebroso que passei, mais de um ano de sofrimento, escondendo a dor da esposa e do filho, até dos amigos, li muito e virei vegetariano. Acabei me unindo a uma turma de amigos ligada aos grupos de Carismáticos da Igreja Católica. No fim das contas, eu sabia mais sobre estresse e depressão do que muitos terapeutas.

Quando não restou nada daquela maldita dor da alma, me dando por curado de todo, resolvi fincar raízes na Terra dos Poetas e enfrentar os gigantes que se levantaram contra mim. E não foram poucos. Dar vida ao Expresso em Santiago e região foi outro desafio. E por falar em desafio, aqui vamos nós outra vez.

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