terça-feira, 22 de setembro de 2009

20 Anos de Jornalismo

Este que vos fala e o cantor Latino. Ainda quando a redação era bem modesta.

Os primeiros meses de 15 anos

Fazer notícia impressa para Santiago em 1993 era o que se poderia chamar de "faca de dois legumes". Se por um lado a evidente falta de um jornal local abria a brecha para se instalar, por outro, a ausência desse mesmo jornal local trazia a falta do hábito.


Pior: a falta do crédito em um periódico da terra. Justificativa mais que contundente. Foram mais de 20 jornais que fecharam as páginas e as portas antes do Expresso. O que mais aguentou foi O Popular, dirigido pela família Pozo. Atingiu 29 anos.


E se não me falha o pensamento, arrisco a dizer que o matutino fechou porque trocou de dono. A pessoa que o comprou ontribuiu para a sua falência quando mudou seu nome, sepultando uma bela história familiar. Mas, enfim, o Expresso nascera abaixo de tempo feio - como diria o tio Valdomiro.

De início, quem comandou a redação, instalada no prédio onde hoje funciona a Padaria Fronteira, foi o meu amigo Rinaldo Lunardi, radialista lá de Tupanciretã, cidade onde eu também seguia atuando em O Semanário.


Nesses primeiros meses, minha presença em Santiago era coisa de visitante. Eu vinha apenas uma ou duas vezes ao mês, de ônibus - quando tinha que trazer o jornal - ou tripulando a velha CG 125 pela estrada de terra que separava Tupanciretã da nossa sede.

Nas raras visitas que fazia a Santiago, corria de um lado para outro tentado sintonizar os acontecimentos. Precisava ver quem era quem e, ainda, tentar vender alguma propaganda ou assinatura. Até a entrega do jornal eu fiz. Quando chegava nas residências, o meu disfarce era um boné rente aos olhos. Não que eu não gostasse do ofício. Trabalhar sempre foi minha felicidade.


Meu receio era o de ser reconhecido como diretor. Alguém poderia pensar que a empresa fosse só uma ou duas pessoas, o que detonaria uma impressão de fraqueza. As pessoas não gostam de apostar em time fraco. Essa que é a verdade.
Foram tempos muito duros. Em Tupã ficava a família.


O Fagner pequeno, a Fernanda recém-nascida e a Suzana enfrentando problemas de toda ordem. Mas havia o conforto de saber que a Suzana, a Sandra e o seu Mário torciam por este obstinado, no qual, poucos acreditavam. Uns, ao me ver oferecendo uma propaganda ou assinatura, diziam: Passe daqui a um ano.


Se o jornal sobreviver até lá, eu assino e, quem sabe, até anuncie minha empresa. Essa frase foi dita por tantos, até por Alberto Ritter, dono do antigo supermercado Ritter. Eu não lhe tirava a razão por agir assim.


Foram tantos os fracassados antes de nós. Por que um jovem de cabelos compridos iria fazer um jornal dar certo aqui? Hoje, se o seu Alberto fosse vivo, teria compreendido a proposta que lhe fizera e estaria orgulhoso por ter apostado num veículo que revolucionou a imprensa escrita e reensinou muita gente a ler.

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