quinta-feira, 22 de outubro de 2009

20 Anos de Jornalismo

Corrida à prefeitura (1996)

Logo que a campanha esquentou, surgiram nas rádios os primeiros debates entre os candidatos. Paulo Rosado, do PDT, e Ari Lima, PSDB, representavam a coligação UPS - União por Santiago, na qual, o PDT, o PSDB, de Vulmar, e o PMDB eram os maiores partidos. Eles pregavam a continuidade da administração.

Por outra chapa, Antônio Carlos Cardoso Gomes (Toninho) e José Francisco Gorski (Chicão) tinham a incumbência de retomar as rédeas municipais para o PP, as quais, nos últimos 30 e tantos anos da história de Santiago esteve praticamente com ele (PP), exceto por duas derrotas: para Rubem Lang, de 1956 a 1959, e para Vulmar Leite, de 1993 a 1996.

É bem verdade que ainda existia uma terceira via. O PT de Cândido Duarte e Rubem Finamor tentava fazer um costado aos maiores partidos, mantendo seus aproximados 30% de todos os votos úteis.

O candidato Toninho Gomes, um agropecuarista que já havia sentido o gosto do poder na década de 1977 a 1983, sendo vice-prefeito de Carlos Medeiros, não estava muito a fim de concorrer. Era tímido, falava pouco, mas com ele estava o desportista e também engenheiro civil, José Francisco Gorski (Chicão), que embora novo na política, era respeitado em seu meio e gozava da vantagem de ser popular entre os jovens e o povo das vilas.

Partindo desse princípio, estavam nas ruas as ditas campanhas e, nós, que desejávamos ver o circo pegar fogo para aumentar a vendagem e anúncios do Expresso, largamos a nossa primeira pesquisa eleitoral.

Ao registrarmos o pedido na Justiça surgiram os primeiros comentários. Toninho, temeroso, cauteloso e humilde, disse que se ele saísse com 10 pontos abaixo de Rosado ficaria feliz, pois Chicão e ele lutavam contra quem estava com a máquina pública na mão. Por sinal, aqui cabe um parêntese para o advogado Nilo Lages.

Ele era articulista do PP e botou um forrobodó lá no cartório eleitoral tentando impugnar a pesquisa dirigida por Júlio Prates. Na real, ele temia que seu candidato saísse em desvantagem. Por sua vez, Paulo Rosado tratou de espalhar que não admitiria estar atrás, pois sabia do grande trabalho que Vulmar e ele haviam feito na prefeitura.

Processos de boicotes à pesquisa de lá, defesa do Júlio Prates daqui, vencemos o primeiro embate. A Justiça não encontrou nada que pudesse proibir o jornal de publicar os dados estatísticos.

Tudo bem. Textos revisados, chega a edição com os números. Empate técnico entre Rosado e Toninho, com ligeira vantagem para o representante do PP. No primeiro debate na Rádio Santiago, após a edição, Toninho, muito faceiro com seus pontinhos na frente, questionou Rosado:
- Como o senhor explica o fato do seu prefeito (Vulmar) ter saído bem numa pesquisa sobre seu governo e, depois, em outra, o senhor figurar com percentuais bem menores? Isso significa que o bom governo de sua coligação não consegue transferir uma boa votação para sua candidatura?
- Primeiramente, gostaria de dizer que uma pesquisa feita no diretório do PP não merece credibilidade nenhuma e...

Seguiu Rosado, espraguejando contra o jornal. Vermelho de raiva, desmerecia a pesquisa de uma forma muito deselegante para quem queria conquistar simpatias. A nossa equipe ouvia tudo pelo rádio e arroxava de tão irritada com tamanha supremacia de Rosado, não admitindo que estava atrás em alguns pontos.

Pronto, aquela frase foi o estopim de uma briga feia travada via Justiça Eleitoral, com pilhas de processos da sua coligação contra o nosso jornal, tentando barrar cada pesquisa que resolvíamos publicar. Nada que Júlio Prates não derrubasse através de seus argumentos.

Se de um lado aturávamos a metralhadora da UPD (União Popular Democrática) por outro, faturávamos vendendo jornal aos vencedores da pesquisa, aliados da dupla Toninho e Chicão que, àquela altura, ficaram felicíssimos com o resultado que teve o condão de dar vitalidade a todos os militantes do PP. Eles compravam jornais aos montes e distribuíam à comunidade.

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