sexta-feira, 23 de outubro de 2009

20 Anos de Jornalismo


Legitimidade suprema

Na tentativa de reverter o quadro negativo ao seu propósito eleitoral, até contra a circulação do jornal a turma de Rosado lutou. Escreveram nos processos que ninguém poderia distribuir o "hebdomadário" com o resultado da pesquisa que favorecia o outro candidato. Ainda mais em "plena via pública" e sob a sombra "lúgubre" da noite.

Prates, então, combatia tais argumentos com extrema habilidade e, ainda, nas entrelinhas, debochava dos advogados da dita coligação e do próprio Rosado. Lembro bem até dos trechos:

Excelência, de fato, o jornal é distribuído em via (rua) pública, mas por um acaso, douta magistrada, existe via privada? Que diferença faz entregar o Expresso na sombra "lúgubre" da noite ou no raiar do dia?
A juíza eleitoral era Marlene Stangler, a qual não reconheceu uma vitória sequer aos célebres escrevinhadores. Ela nos deu legitimidade total para trabalharmos, ao sentenciar:

O jornal paga seus impostos e pode trabalhar e distribuir exemplares onde quiser. A atividade é um comércio, por isso, pode ser vendido a quem quiser comprá-lo. Também pode ser entregue gratuito à coligação vitoriosa na pesquisa, como uma doação de campanha.

Focado nessas considerações da juíza, o jornal seguiu sendo distribuído pelo PP, como prova de que seus candidatos lideravam a corrida à prefeitura. E de fato, estavam na dianteira, pois as pesquisas subseqüentes mostraram vantagem, levando-os a vencer a eleição com 400 e poucos votos de diferença.

Na contagem, após a eleição, membros das três frentes se acotovelavam para ver quem estava na frente. Quase no final da apuração, quando Rosado liderou por estreita vantagem, ele chegou a dar uma entrevista a uma rádio como prefeito eleito. Instantes mais tarde, teve que engolir o que dissera quando abriram as urnas de Capão do Cipó e de Florida, redutos eleitorais do PP, que acabou dando a vitória para a dupla Toninho e Chicão.


Vitória também do jornal Expresso que, em todas as pesquisas, adiantava esse resultado, para a ira de Paulo Rosado e de Vulmar Leite. Este último, mesmo não tendo abraçado para valer a campanha do parceiro e seu vice-prefeito, atribuiu a derrota ao jornal.

Assim seguiu-se a cada eleição em que ele concorria, como aconteceu em 1998, quando buscou vaga para deputado e, novamente, disse que sua candidatura foi abalada pelas malfadadas pesquisas.


Tudo era culpa do Expresso, crítica que aceitávamos felizes da vida por receber uma atribuição de imenso quilate, revelando que o nosso semanário, tantas vezes ironizado e até desprezado por quem se achava o todo-poderoso, finalmente incomodava alguém, prova cabal de que havia se tornado grande.


Não poderia nunca mais ser ignorado, porque transformara-se em algo muito superior às vontades e caprichos de tanta gente, inclusive do seu maior algoz, o agora "ex-intocável" Vulmar Leite.

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