segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

20 Anos de Jornalismo

Araponga & Miguelito:
afinal, quem são eles?

A lei de imprensa, apesar de bolorenta, ainda permite que se faça uso de pseudônimos para assinar certas matérias, uma prática antiga no Brasil. Muitos atores, mitos da comédia, da música, da escrita são conhecidos apenas pelos seus pseudônimos. A começar pelo famoso Terence Hill (o Trinity) e John Wayne, dois destacados mocinhos do velho oeste americano. O primeiro foi batizado de Mario Girotti e, o segundo, Marion Morrison.

Como podemos ver, eles tinham mais coisas em comum que o fato de fazer filmes de faroeste. Ambos substituíram seus nomes por pseudônimos. No Brasil, temos Chico Anysio, Lima Duarte, Faustão, Gugu, Pelé, Xuxa, Lula. Sabemos a quem pertencem esses codinomes e nem por isso deixamos de acreditar neles. Essa prerrogativa existe para familiarizar o personagem com o público, fazer as pessoas ficarem mais conhecidas pelo apelido do que pelo próprio nome.

Alguns colunistas do Expresso também fazem uso desses artifícios com os mesmos propósitos, ou seja, facilitar a identificação. Desde o início do jornal, algumas colunas são escritas sob essa forma de assinatura. Pelo Expresso já desfilaram “Tuca Maia”, “Tio Maneco”, “O Gordo” e outros, sendo que o mais famoso deles, e que realmente emplacou foi o Araponga.

Por incrível que possa parecer, no início do Expresso, havia gente que conhecia o Araponga (já ouvira falar nele) mesmo sem ter tido nenhum contato com o jornal, tamanha era a popularização desse colunista. Nessa mesma esteira surgiram o Miguelito e, bem mais tarde, o Barbela, o qual todos já sabem de quem se trata.

No início, a idéia dos pseudônimos não pegou muito bem em Santiago. Eles foram os principais compradores de brigas para o jornal. A toda hora havia um querendo processar tais colunistas. Também pudera, eles atacavam um e outro. O objetivo do processo, na maioria da vezes, era saber quem eram os donos daqueles nomes que assinavam as colunas mais polêmicas, sarcásticas e debochadas. Das broncas judiciais que o jornal colecionou, quase a metade era contra o Araponga ou o Miguelito.

Por muitas vezes os bronqueiros colunistas foram acusados de bater e depois esconder-se atrás dos pseudônimos ou do anonimato. Diante disso, a direção do jornal, seus advogados e até os próprios colunistas muito repetiram a frase: “Pseudônimo não rima com anonimato, que seria o nada.

Pseudônimo é uma forma assegurada em lei’. Isso deixava os acusados ainda mais indignados. Até porque, cada resposta dos colunistas vinha recheada de mais sarcasmo e ironias, ponto forte de seus escritos.

Por sua vez, o jornal nunca revelou quem eram esses senhores, donos dos pseudônimos Araponga e Miguelito. Alguns até faziam suposições, mas poucos tiveram a certeza. E para quem pensava que o pseudônimo era uma maneira covarde usada pelo jornal para criticar as pessoas, revelo o motivo.

Além de ser muito mais fácil perpetuar um nome curto, usar pseudônimo gerava um frenesi em torno da coluna. A velha pergunta, mas quem será?, por si só aguçava a curiosidade até de quem não lia a escrita deles. O Araponga e o Miguelito viraram uma espécie de propaganda para o jornal.

Hoje o Expresso não precisa mais fazer nome em cima de certos pseudônimos, pois o corpo do jornal é todo ele bem dosado e cada página tem seu lado interessante, formando um verdadeiro conjunto atrativo, desde a notícia até as charges, sem descuidar-se das belas fotos e tudo mais.

No entanto, os colunistas seguem fazendo história, seguem despertando curiosidade e, como não se mexe em time que está ganhando, a velha pergunta há de continuar por mais longos 15 anos: Afinal, quem são o Araponga e o Miguelito?

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