sábado, 20 de março de 2010

20 Anos de Jornalismo


O grande domador de pulgas

Meus primeiros contatos com Oracy Dornelles foi em função de um livro seu, cuja paginação estava sendo feita pelo nosso jornal. A cena de uma das poucas vezes que ele foi à redação ainda está bem viva na minha memória.

O homem da boina preta e do cabelo branco e comprido, entrou pé ante pé e recostou-se à parede, ao lado do computador, onde o Mário Siqueira Júnior (Marinho) estava trabalhando no seu livro. Não marquei no relógio, mas Oracy não ficou ali mais que uns 10 minutos e sumiu sorrateiro, da mesma maneira que entrou. Por ser tão tímido, é desnecessário dizer que não dirigiu a palavra a quase ninguém, apenas balbuciando algo com o próprio Mário Júnior.

Decorridos alguns dias daquela tímida visita, estou praticando a corrida de final de tarde e me cruzei com Oracy, que nem me olhou. Mas eu voltei e o cumprimentei.
- Como vai, seu Oracy?
- Vou bem. Mas você não é o João Lemes, diretor do Expresso?
Com aquela frase, nascia nossa amizade. Hoje posso dizer com o maior orgulho, que esse gênio também colabora com o nosso jornal e comigo, seja me ensinando trocadilhos, crônicas, críticas gerais e trazendo subsídios para cada edição.

O Expresso ganhou muito com suas caricaturas semanais, com seus epitáfios etc. Também me sinto orgulhoso em poder tê-lo homenageado pela sua participação no maior programa de entrevistas do Brasil, o Programa do Jô.

Aos que me visitam, digo sempre: o meu amigo, vizinho e colaborador do Expresso esteve no Jô Soares, o que para mim é algo maravilhoso. Quando que eu imaginaria ver o nosso grande domador de pulgas, desenhista, caricaturista, grafologista, poeta e tantas coisas mais, presente num dos maiores programas da Rede Globo?

Sou sabedor que muita gente até pode não admirar o Oracy como eu admiro. Ele ainda passa uma imagem de sujeito ora tímido, ora bronqueiro, mas ninguém poderá negar sua genialidade. Quisera eu conseguir mais espaço no jornal para o Oracy e tentar perpetuar o tempo precioso de sua vivência, pois tenho medo que um dia alguém venha a dizer que ele não foi valorizado como deveria.

Nos dias atuais, Oracy não entra mais no jornal com aquela timidez, louco que ninguém o veja. Hoje ele bate à porta e já grita:
- Fui convidado - Num piscar de olho está lá na redação dando tapas em todo mundo. E quanto às broncas que ele costumeiramente dá em mim, posso dizer, sem medo de errar, que não me incomodo, afinal, ser criticado por alguém que bronqueou até com Jô Soares, é mais uma honra.

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