segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A arte de cortar palavras

Comumente, constantemente 
a vidente evidentemente mente

(João Lemes)
A escrita é a repetição da fala. Nada vira texto se um dia não for dito. Logo, temos que cuidar da sonoridade. Depois de redigir seu texto, faça de conta que o esteja lendo em voz alta e anote os sons que o empobrecem. Aqui no Expresso, corto todos os termos que terminem com o sufixo “mente”. Claro, só falamos a verdade... Fora a brincadeira, convém dizer que a terminação mente soa mal e se encaixa em palavras muito longas. Devo repetir Drummond: “Escrever é a arte de cortar”. 

-Hoje acordei extremamente cansado; O prefeito fará uma festa no dia seis e, paralelamente, lançará o festival; O rapaz chegou em casa e, ao abrir o portão, um ladrão subitamente o atacou; Aqui no sul comummente se usa o termo tchê.

Essas frases não ficariam melhor se fossem ditas assim? 
Hoje acordei muito cansado; O prefeito fará uma festa no dia seis, data em que também lançará o festival; O rapaz chegou em casa e, ao abrir o portão, um ladrão o atacou; Aqui no sul é comum se usar o termo tchê. 

E pra encerar, vamos a um erro que muitos cometem:
 -  Vou me eleger e trabalhar pelo povo, independente de siglas.
Além e ser uma frase pra lá de desgastada, de a palavra ter a terminação “feia”, ainda há um erro. O correto seria: Vou me eleger e trabalhar pelo povo, independentemente de siglas. 
Independente é alguém que não depende de ninguém, assim como a vidente, que evidentemente, mente.