quarta-feira, 22 de junho de 2016
Os professores e os capitalistas
Conforme o
escritor americano Napoleon Hill, há dois tipos de conhecimento; o geral e o
especializado. No atual ritmo do capitalismo, pouco importa o geral. O
especializado é o que leva a um ganho maior de dinheiro. Vejam o corpo docente
de uma grande universidade. Nele estão quase todas as formas de conhecimento
geral. No entanto, a maioria deles tem pouca riqueza material. Isso porque eles
são especializados no ensino do conhecimento e não em sua organização e
utilização prática para ganhos mais palpáveis.
O nosso
educador e senador Cristovam Buarque diz que ainda há outro fenômeno no Brasil:
poucos correm atrás de educação. A maioria quer apenas as portas que a educação
pode abrir. Querem é ganhar dinheiro. Enquanto isso, o professor que lá está
ensinando a todos para que consigam se dar bem e juntar fortunas, continua com
seu salário minguado. Mas o reflexo já chegou pra todos. Hoje, só quem tenta
ser professor são os que não conseguem outra coisa nas faculdades. Assim, daqui
a uns anos, quem vai ensinar os futuros capitalistas?
A invernia, os doentes e os reclames
(João Lemes)*
Há horas o frio não vinha tão cedo e tão forte. Nós, sulinos, não deveríamos estranhar. Minha geração foi criada no rigor, esmagando geada. Quando trabalhei nas fazendas eu saltava cedo. Mal se via a cabeça dos matungos e já era hora de enfrená-los pra o aparte, banho ou campereada.
Naqueles invernos não tinha de aula, brinquedos, passeios... Era serviço e serviço! E quem conseguia colégio nalgum vilarejo, ia a cavalo ou a pé. Nada de ônibus na frente de casa. Quando alguém ficava gripado, sarava na base da chapoeirada, gemada, cama e abafamento. A vida era assim e ai de quem reclamasse.
Hoje a geração é melhor servida, apesar das dificuldades que muitos ainda têm. O campo é quase cidade. Tanto é verdade que nem um peão campeiro se acha. Todos querem o conforto das casas, internet, trago e balada. Cousa boa! Também gosto!
O engraçado é que sempre reclamamos. Não somos capazes nem de nos agasalharmos bem. Não tomamos sucos naturais ou comemos sequer as frutas da época. Aquelas cheias de vitaminas c que tem a loléo. Não evitamos noites maldormidas nem nos alimentamos direito. Aí, quando vem a gripe, cadê a vacina? Cadê os leitos do hospital, os médicos? E dê-lhe reclames.
* (Jornalista e professor)
quarta-feira, 1 de junho de 2016
As redes te deixam com medo de perder algo?
Eis a boa notícia: quase 100 milhões de brasileiros usam a internet. Outro número
parecido está nas redes sociais. A outra notícia: ao mesmo tempo em que as redes trazem entretenimento, também podem estragar sua vida com a frustração e o desânimo.
A psicóloga paulista Adriana de Araújo fez um estudo sobre o comportamento dos internautas. Ao verem as constantes atualizações dos amigos sociais, alguns têm uma sensação de perda. É o mal-estar chamado "Fear of Missing Out" ou "medo de estar perdendo algo".
Adriana cita um exemplo: você tem mil amigos que tiram férias uma vez ao ano em dias diferentes. Todos resolvem postar suas fotos também em datas alternadas. A sensação é de que seus amigos vivem de férias se divertindo e você não.
Se não houver um bom equilíbrio, a pessoa faz uma leitura errada do mundo dos outros e começa uma batalha interior; "Será que minha vida também é interessante assim?" Daí vêm a tristeza, a baixa estima e tudo resulta até mesmo numa inveja descontrolada pela vida alheia.
No fundo, boa parte do que os outros postam é ilusão. São as fantasias deles que o internauta mistura às suas. Para ver se você está nessa situação, basta analisar o seu tempo de conexão e as coisas reais que perde, os amigos que não abraça. Note se você muda muito de site e até nem sabe o que procura.
Caso você se encaixe nesse mal-estar, pare e reflita! Saiba que uma vida muito melhor o aguarda nas coisas reais, no concreto e, principalmente, nas pessoas que o cercam. E siga ligado na internet. Aproveite suas vantagens, porém, não esqueça que uma conversa real pode ser bem melhor que muitas fantasias das redes.
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