sábado, 14 de abril de 2007




A
viagem de uma repórter
Fotos: o promotor Alessandro Salazar e o advogado de acusação, Ronald Miorin;
Os familiares de Róbsom, o menino que foi morto em 2001 quando cruzava os campos de Pizzeta, em propriedade próxima a Unistalda.

(por Fabiane Braga – Expresso Ilustrado
- O casal Alan Kardec e Noeli Righes foram os amigos que conheci e me deram carona, para que pudesse estar presente ao júri de Itaqui. Saímos por volta das 3 horas. Foi uma viagem tranqüila, companhia agradável e o bom papo do casal. Alan e Noeli contaram sobre suas viagens pelo Brasil e para outros países, pescarias no Uruguai e acampamentos. Alan, militar da reserva, viajou pelo país a serviço, tendo morado por vários anos na Amazônia. Noeli, funcionária aposentada do INSS.

Belina - Mimosa poderosa - A belina tem 30 anos é uma valente. Alan, proprietário, a cuida como se fosse um tesouro. Ela é original. Já fez várias viagens além dos acampamentos e pescarias. Mimosa, foi até para a Bahia.

Passeata - Na chegada em Itaqui, os familiares e amigos da vítima desceram em frente do Fórum para prosseguir em passeata até o local do júri. As pessoas vestiam a camiseta com o rosto do menino Róbsom e abaixo a frase “Queremos Justiça”, no braço direito uma tira preta, para representar o luto. Outros estavam todos vestidos de preto. A caminhada foi silenciosa, apenas nos rostos, onde as lágrimas rolavam sem parar - via-se a indignação e o clamor sufocado por justiça. As faixas trazidas por familiares e amigos da vítima foram carregadas até à Câmara de Vereadores. Eles ficaram aglomerados, esperando pela chegada do advogado Armando Pizetta, em frente à Câmara de Vereadores.

Chegada de Pizetta - Sua entrada na Câmara foi rápida, cercado por pessoas. Dentre elas, um depois conversou comigo e me apresentou documento - Portaria da OAB 001/2007. O advogado José Abi Knapp, designado para acompanhar o réu, pertencente à Comissão de Defesa, Assistência e das Prerrogativas- Seccional do RS da Ordem dos Advogados do Brasil. Perdi a foto dele.

Entrada da Câmara - Todas as pessoas eram revistadas, com detector de metais, em sala separada pela Brigada Militar. Também foram revistadas bolsas e sacolas. Após a liberação os lados da sala da Câmara foram divididos para os familiares do réu e da vítima.
Na entrada, o Oficial de Justiça, Luiz disse aos familiares da vítima que em hipótese alguma seria admitida qualquer tipo de manifestação. Se caso ocorresse, a pessoa ou as seriam retiradas e o ato é passível de punição legal.

O Júri - Começa com a leitura e chamada dos jurados presentes.
O juiz então solicita a entrada no recinto do réu Armando Pizetta. Pergunta-lhe sobre seu advogado. Resposta: não obtive êxito em localizá-lo, pois desde ontem tento contato e não o encontro. O juiz pediu para os oficiais tentarem seu telefone. Sem sucesso.
Frente aos fatos, o juiz Roberto Laux declara: "o referido não está presente nesta sessão. Cabe ressaltar que, na data de ontem ele intentou habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça, com objetivo de transferir o júri para Porto Alegre, porém o pedido foi indeferido. “O fato é de sabida repercussão e há grande expectativa da comunidade de Santiago quanto a este julgado. Portanto, a ausência imotivada o advogado do réu acarreta o adiamento da sessão para outra data e ressalvo a responsabilidade do advogado faltoso”. Neste momento ele indaga ao advogado Marco Aurélio, se aceitaria a incumbência de ser o advogado dativo do réu. Resposta, - não - motivo: amizade com os pais da vítima.

Ministério Público - promotor Alessandro Salazar Rossatto: "Passados mais de 05 anos, após sucessivas tentativas por parte da defesa do réu Armando em procrastinar o julgamento nesta data finalmente foi trazido a júri popular. Embora todas as tentativas em eternizar o processo, a última na data de ontem foi infrutífera, mas mesmo mais uma vez consegue adiar o julgamento".
"O advogado de Pizzeta, Cilon deu entrevista à Rádio Santiago, na qual afirmou que não estaria aqui na data de hoje. Estamos na presença, hoje, da comunidade de atingida pela barbárie, todos vieram crentes que seria feita justiça. A conduta do réu e seu defensor acabam por desacreditar na Justiça. Requer a revogação da decisão de liberdade provisória e peço a prisão preventiva para o réu a fim de garantir a lei e a ordem pública, pois familiares e amigos da vítima vêm de forma pacífica aguardando o desfecho".

Ronald Miorin - advogado de acusação - "O réu vem tentando burlar a justiça, tendo em vista o adiamento provocado nesta data que é ilegal, demonstrando um total desrespeito à justiça".

Juiz Roberto Laux - "O juízo não desconhece a frustração daqueles que aguardam por um julgamento, mas ao juiz incumbe aplicar a lei. Garantindo ao réu a ampla defesa. Quanto à fita de gravação da rádio local, embora possa ser trazida a juízo, não poderá ser lida em plenário, pois poderia ter sido dada vista prévia em 3 dias".
A próxima sessão do júri está marcada para dia 18/04/2007, às 9 horas, na Câmara de Vereadores de Itaqui. Além disso, o réu teve sua prisão preventiva decretada.

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