quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Caprichos gaúchos


Durante sete dias, centenas de tradicionalistas percorrem pelo menos 240 quilômetros do litoral gaúcho na chamada “Cavalgada do Mar”. O evento é promovido por aquelas entidades que se orgulham de manter a “tradição gaúcha”, uma invenção do século passado. O fim, segundo dizem, é valorizar as “raízes”, mas os meios são cruéis para os animais.

Um grupo formado por vinte entidades de proteção aos animais lançou carta aberta ao povo do Rio Grande do Sul depois do surgimento de denúncias de que, pelo menos, dois cavalos teriam morrido. Porém, esse número pode ser maior. O veterinário oficial do evento (acreditem, ele existe) informou que três fatores contribuíram para a morte dos animais: calor excessivo, distância percorrida, e falta de preparação física prévia.

A tal cavalgada só existe para satisfazer caprichos de quem não tem nada mais útil para fazer e ainda traz sofrimento para aquele animal que é cultuado no Rio Grande do Sul como o “companheiro do gaúcho”. A situação é parecida com os tradicionais desfiles no dia 20 de setembro, quando os cavalos são obrigados a marchar por ruas asfaltadas à base de chicotadas. Não é diferente nos rodeios (tantos os paulistas, quanto os gaúchos). Animais sofrendo para absolutamente nada!

Que o homo sapiens é irracional quando se trata de cuidados com a natureza, todos sabem. Porém, saber não é compreender e muito menos aceitar. Na sexta-feira a Praça da Matriz, em Porto Alegre, será palco de um protesto pelo fim da “Cavalgada do Mar”. É improvável que o bom senso derrote a prepotência dos tradicionalistas. De qualquer forma, vale o alerta.

Lucas Rohãn / Jornalista / Porto Alegre – RS

(51) 9131 0502 / RG 3091842802


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