domingo, 10 de junho de 2007


Triste contraste

Tonho viajava com olhar atento à paisagem quando, de repente, focou os olhos para uma minifavela que ocupava o lastro da rodovia em Pelotas. Lixo, água dos banhados, animais etc, formavam um triste emaranhado, conseguindo comover até os corações mais empedernidos. A fome certamente é companheira daquela gente, embora Pelotas seja um grande centro, com suas fábricas de doce, aliadas à farta pesca, que provém do canal de São Gonçalo e arredores. Ao ver esse contrataste, acabo me emocionando. Diante de tais cenas, me vejo morando num paraíso, que é Santiago. Caso eu tivesse que fazer jornalismo naquela cidade, teria que me cuidar para não me estressar de vez, com tanto trabalho, com tanta reportagem instigante que daria para fazer. Mas como estou noutro mundo, apenas faço tais comentários para servir como uma reflexão a todos os que agora estão lendo este blog.

Cerração, chuva e granizo

Em Rio Grande visitei vários setores da pesca, o superporto e uma vila formada apenas por pescadores. Muita tainha, anchova e sardinha, anjo, papa-terra, corvinas etc. Após renovar as amizades com aquele povo e degustarmos algumas anchovas, nos tocamos de volta quase na boca da noite. A cerração envolvia toda a estrada. Não se via um palmo diante dos olhos. Mas eu precisava tocar. Ao eu lado, de novo o Tonho, que agora trocava idéia com o seu Mário. Todos atentos à estrada e a cada nova curva, um deles olhava também para mim, observando meu comportamento ante daquela situação. Foram três horas de completa escuridão em uma faixa pouco sinalizada, subindo e descendo encostas entre Canguçu e Caçapava. Já em São Sepé, por volta da 1 da madrugada, muita chuva, um pouco de vento e granizo. Chegamos em Santiago lá pelas três. O peixe está guardado, eu e a turma descansados, prontos para outra. Quem sabe, após a próxima edição do Expresso, eu não volte lá, mas dessa vez, sem o Tonho. Não que ele não tenha gostado, mas para poupá-lo de me agüentar a viagem inteira. Agüentar a mim, não é nada, diria ele, pior é ter que ouvir a minha seleção musical e ainda concordar que ela é boa pra chuchu.

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