sexta-feira, 14 de agosto de 2009

20 anos de Jornalismo

Finalmente em casa

Cheguei a Cruz Alta todo mocinho, metido a namorador, um malandro de Alegrete. Meu irmão, o Adão, tinha um fusca 69 que havia ganho da minha mãe. A situação agora estava melhor. A mãe, sempre trabalhando na prefeitura e o Adão também, viviam razoavelmente. Minha irmã mais nova, a Tuta, cuidava da casa e os dois trabalhavam fora. O único sem ocupação agora era eu, que finalmente, aos 17 anos, vinha morar com a legítima família.

Minha mãe tratou de me mandar para rua atrás de serviço já nos primeiros dias. E achei. Graças ao Neltair, meu amigo e cunhado, marido da minha irmã, a Anita. Ele me arrumou um cargo de servente de pedreiro, para ajudar seu pai em várias obras. Concreto e concreto todos os dias. Mas não renegava. Até que meu vizinho, o Vilson Guimarães, hoje meu compadre, me arrumou na Instaladora Aliança. Aí sim me assinaram a carteira e fiquei oito anos nesse trabalho.

Virei um leiturista. Fazia a leitura dos medidores de luz. No serviço da leitura me tornei líder, chefe de equipe e aprendi muitas lições no convívio com os colegas e nas visitas aos moradores de umas 12 cidades da região de Cruz Alta, onde fazíamos a contagem do consumo de energia para a CEEE - Companhia Estadual de Energia Elétrica.

Nessa firma, na Instaladora Aliança, eu conheci o Antônio Manoel da Silva Falconi, meu chefe. Grande figura! Com ele aprendi muitas piadas, gírias, palavreados mil. Era o “cara”. Sabia tudo! Brincava com a gente nos acampamentos. Colocava sal para mais na carne dizendo que era para não comermos além da conta, mas não passava de uma farra.

Também conheci o Jairo Celestino de Oliveira, grande amigo.
Certa feita eu e o Jairo viemos a pé de Fortaleza dos Valos até Cruz Alta. Andamos uns 60 km durante toda a noite só para não ficar pescando com o Falconi. É que ele foi com o carro da empresa para fazer o trabalho e nos levou para ajudá-lo. Depois, decidiu ficar pescando no alagado. Para nós, restou duas opções: ficar pescando até ele decidir vir embora no outro dia, ou pegar a estrada e vir a pé. Escolhemos a segunda.

Nós odiávamos esses acampamentos e não queríamos perder o Carnaval em Cruz Alta. O Jairo era um companheiro fiel. Inteligente, bom jogador de futebol, bom de Matemática e de Português.

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