segunda-feira, 12 de outubro de 2009

20 Anos de Jornalismo


A briga com Vulmar Leite

Naquele medonho ano de 1996, no comando da prefeitura, o reinado era de Vulmar Leite. Aquele senhor que me apontou o dedo outro dia e me deu um "tiro de aviso". Por força daquele episódio, suas relações com o jornal seguiram de mal a pior. Centralizador como era, lançou sua ira sobre nós e não permitiu que ninguém dos seus assessores fizesse contato conosco. Viramos os bandidos para a administração pública.

Vez por outra a gente tentava se aproximar, comunicando ao prefeito Vulmar que o Expresso era o único jornal de Santiago e, por assim dizer, ele deveria publicar os editais da prefeitura, bem como, todos os atos do prefeito, no Expresso, dando transparência ao serviço público, ao mesmo tempo em que nos daria serviço, afinal, éramos uma empresa geradora de emprego e cultura. Mas não. Ele preferiu seguir seus secretários, dentre eles, Marcelo Noronha e Carlos Humberto Munaretto.

Os assessores de Vulmar olhavam a lei das licitações e (faziam de conta) interpretavam o seguinte texto: "Os editais sobre licitações devem ser publicados num jornal diário de grande circulação e num local se houver". Esse, "local se houver", não era num "diário local", mas num jornal local.


No entender desses senhores, como o Expresso não era diário, não poderia servir como divulgador do município. Esse era o modo que Vulmar e sua equipe usavam para dar publicidade aos atos, renegando um jornal de circulação local.

Tais atitudes só corroboraram para aflorar minha fúria em relação ao administrador. Sem falar que ainda existia a figura do senhor Miguel Monte. Um assessor de imprensa que procurava sondar quem eram nossos contatos, nossos amigos, o que dizíamos do doutor Vulmar Leite para levar tudo a ele e, quem sabe, nos trazer alguma outra conversa ocorrida na Prefeitura, contra nós, lógico.

Tudo para aumentar o distanciamento entre o jornal e o poder centralizado. A cada crítica que saia contra a prefeitura, lá vinham as retaliações. Até as matérias que o assessor produzia passaram a ser proibidas para o Expresso, isso que ele era pago para bem-atender a todos os órgãos de imprensa.

A briga ia crescendo feito bola de neve. Ainda mais quando Vulmar soube que não poderia vencer a primeira ação contra nós, que se perdera por não ter seguido o rumo correto. Seus advogados processaram o Expresso e, ao se dar conta de que a coluna era assinada pelo então colunista Tio Maneco, portanto, cabendo a ele a ação, mudaram o curso do processo sem saber que o procedimento legal era refazer tudo e, só aí, redirecionar ao verdadeiro dito ofensor.

Alguém errou e o processo prescreveu, deixando na garganta dele a vontade de gritar eu venci o Expresso, fato que só se daria anos depois, em virtude de uma interpretação errônea de uma notícia sobre apontamentos aos atos de Vulmar, a cargo de um promotor estadual.

Numa de nossas edições, publicamos que o Ministério Público havia "denunciado" irregularidades na administração, sob o título: "Ministério Público denuncia Vulmar Leite". De concreto, na notícia, apenas o fato de que o documento era um mero apontamento de possíveis falhas, ou seja, a promotoria estadual havia apontado um crime em tese, coisa sem condenação em definitivo. Mais tarde, Vulmar livrou-se de tudo e processou o jornal sob a assinatura do advogado Eudócio Pozzo que, na época, também não morria de amores por nós.

Na esfera criminal acabamos vencendo, só perdendo na cível. Naquele tempo, o jornal perdeu 10 mil reais, os quais, pagamos centavo por centavo. Tudo parcelado, é verdade, mas pagamos. De resto, não ficamos devendo nada. E olhe que a pauleira foi grande até o fim do seu mandato e se seguiu até sua campanha para deputado estadual.

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