quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O falso paraíso

O tema é conhecido, quase redundante, mas é preciso falar: drogas, o mal que arrasa o mundo, enriquece traficantes, mata a juventude, desafia a segurança, os médicos, aniquila a família. A droga afasta os amigos, sendo o viciado um náufrago que arrasta todos os que lhe amam e não sabe disso (ou não pode evitar) e aí, se “anestesia” até o fim. A escritora gaúcha Lya Luft descreveu assim em seu livro A Riqueza do Mundo, mas não como receitas ou conselhos, apenas querendo repartir angústias. 

Afinal, por que nos drogamos? “Freud já dizia que a humanidade sempre gostou de fugir da dura realidade, da dor do mundo que, para muitos, é insuportável. Com isso, encontram nas drogas o ‘remédio’ para sobreviver”, explica a escritora, observando que até no sertão o crack faz sua devastação. É vendido em rodoviária e levado aos miseráveis que com ele têm momentos de delírio e sonho.

E por que alguns ficam viciados ao usarem (fora o crack) e outros não? Isso é o que torna a questão mais intrigante e sem aparente solução. “A vida é para todos perturbadora e é preciso lutar contra a maré do consumismo, dos políticos corruptos, das injustiças. E como somos “inatingíveis”, nada vai acontecer e só teremos momentos de alívio. Faltando-nos estabilidade, afeto, alegria, qualquer traficante ou até uma rodoviária nos abrirão as portas do falso paraíso.

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