quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Politicamente (in) correto


(João Lemes)
Detesto o politicamente correto. Em certos casos até que é bom, mas de resto, vai criando vícios. Depois de um tempo, a pessoa nem sabe se fala por sua cabeça ou pela dos outros, tamanha é a enxurrada de frases prontas que andam por aí. É só alguém achar lindo um dizer, que já se apropria dele para deixar de ser ela mesma, de ser natural... Respeito todos os tipos de manifestos. Entendo que muitas coisas não seriam bem explicadas sem a língua padrão e os rebuscados (ou manjados) termos, mas convenhamos, falta criatividade para deixá-los mais simples e compreensíveis. 

Venho pesquisando e tenho descoberto horrores. Exemplo: como é que vou chamar alguém de “portador de necessidade especial”? Como disse um escritor, o Saci do Inter seria o quê? Então, pra mim, é “deficiente” e deu. A forma de tratá-lo não mudará o preconceito que alguns ainda têm. E pra que dizer “egresso do sistema prisional” em vez de “ex-presidiário”?

Medicina ocupacional: alguém sabe o que é? Basta perguntar ali na vila que o desconhecimento vai prevalecer. Poucos sabem que tais palavras estão ligadas à saúde no trabalho.

Resíduo sólido: parece fácil, mas não é, pois resíduo lembra algo líquido, não? Mas no contexto atual é a “sobra” do lixo que não pode ser jogada em qualquer lugar, como baterias, lâmpadas etc. 

Poderia ir mais longe e falar dos manjados termos do tipo “qualidade de vida” em vez de “vida melhor”; “salvar vidas”, em vez de “salvar pessoas”, mas vamos deixar para um próximo artigo.

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