terça-feira, 8 de setembro de 2015

Inversões

A mídia gosta de inverter frases, colocando o sujeito no final ou fazendo citação no início com destaque para uma característica da pessoa. “Cansado de andar a pé, Alberto comprou um carro.” Esse recurso quebra a monotonia de se começar sempre pelo nome ou pelos artigos (o, a, os, as). Entretanto, em matéria narrativa, às vezes a inversão dificulta o entendimento. Vejam o hino nacional: "Ouviram do Ipiranga as margens plácidas/de um povo heróico o brado retumbante." A frase direta seria: “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico.”

Este tema cai em vestibulares e pega muita gente que pensa em usar crase em “às margens plácidas”, como se fosse “nas margens que ouviram (alguém) ouviram o brado retumbante. Essa inversão e todas as palavras mais complexas deixam o hino impopular. O brasileiro ouve e até tenta cantar, mas poucos sabem o que a sua pátria amada, Brasil quer lhe dizer. É por isso que o hino rio-grandense é o mais executado e cantado. É simples, é bonito e de fácil interpretação. Ah, e bem mais curto também.

Outra inversão que fazem é na hora de cantar o hino. Todos viram-se para a bandeira, dando as costas ao público. Ninguém sabe quando essa prática começou, porém sabemos que é errada. Há até lei normatizando solenidades e dizendo que todos devem se voltar para o público ou para a parte central do evento (a não ser quando as bandeiras estiverem sendo hasteadas). Dar as costas ao público, jamais! Ou seria: “Jamais devemos dar as costas ao público?”

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