segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Nós somos muito mais homens que vocês

Lá numas bibocas de Coronel Bicaco havia um gaúcho nascido no tempo certo e desmamado sem tabuleta. Era o legítimo maragato! Vez por outra se ia noite adentro numa roda de mate relembrando histórias. Ele sempre contava que na revolução de 1893, entre Federalistas (Maragatos) e Republicanos (Chimangos), havia um tal de Amaranto Pereira que não era de se laçar com sovéu curto e, como bom maragato, nunca perdia uma pros Chimangos. Podia perder no ferro, não no grito!

Quando a tropa republicana descansava ao fim de cada batalha, lá vinha o Amaranto pra frente do quartel inimigo: “Jaguarada; vocês nos prendem, nos surram e nos matam. Claro, têm mais arma, mais gente! Mas nós somos muito mais homens que vocês”, dizia ele mostrando o lenço encarnado. O general mandava fazer tudo de novo e de nada adiantava. Noutro dia lá estava o Amaranto fazendo o mesmo alarido.

Cansado de bater no Amaranto, o general mudou a tática: “Não surrem mais! Em vez disso, o convençam a defender nossa causa. Total, eles já estão quase derrotados mesmo!” E foi o que aconteceu. O Amaranto trocou de lado e em cinco dias já era cabo. Numa daquelas o general inventou de lhe perguntar: “E agora, Amaranto, que tu estás do nosso lado, que está achando da guerra?” “Pois olha, general! Nós os prendemos, surramos, matamos... Claro! Temos mais arma, mais gente! Mas lhe digo; eles são muito mais homens que nós”.

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