domingo, 24 de abril de 2016

O coronel Ustra, os nazistas e Bolsonaro

(por João Lemes - jornalista)
O país assiste à outra aberração praticada pelo deputado Jair Bolsonaro (PP do Rio), que agora pode, enfim, ser cassado. Tudo porque ele elogiou o coronel Carlos Alberto Ustra, ex-comandante militar torturador da ditadura. Foi na sessão do impeachment que Bolsonaro ofereceu seu voto ao coronel Ustra, causando muita revolta.

O coronel Ustra nasceu em Santa Maria e faleceu em 2015. Para muitos, esse senhor foi um monstro assim como os nazistas alemães que torturaram e mataram milhões de judeus na 2ª guerra. Ainda hoje, vários homens e mulheres relatam o inferno que passaram nas mãos de Ustra, que mandava dar choque nos ouvidos e nos mamilos delas, colocar até correntes no pescoço dos homens como se fossem cães. Evidente que Ustra nunca admitiu a monstruosidade. Dizia apenas que acatava a "missão" do Exército.

Para ilustrar o tema é bom relembrar a filósofa Hannah Arendt, a qual assistiu ao julgamento do nazista Adolf Eichmann, acusado de transportar milhões de judeus para o extermínio. Imagine que Eichmann também disse que cumpria ordens, não se considerando um monstro. Hannah então concluiu que ele dizia a verdade. De fato ele não era um monstro. "Era só um homem comum, terrivelmente comum, incapaz de pensar por si, como a maior parte das pessoas", defendeu a filósofa. 

Para Hannah, quem pensa se dá conta do mal, pois a maldade não pode ser coisa dos inteligentes. Assim concluímos que o holocausto aconteceu devido à obediência de milhares de servidores públicos nazistas que só sabiam obedecer a ordens. Seria o coronel Ustra um ser assim, incapaz de pensar por si? E o que dizer de Bolsonaro?          

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