segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Fábrica de verdades

(João Lemes)*
Por mais que se tente descrever a realidade, cada pessoa a enxerga de uma maneira, dependendo muito da sua formação, capacidade intelectual, das coisas que a cercam e do tempo. Por mais que nos esforcemos, não teremos parâmetros que nos permitam extrair a pura verdade de um discurso. Uma verdade para um, não é para outro. Ou será verdade para alguém apenas até ele mudar de opinião.

Segundo o filósofo Michel Foucault, a verdade é regida por relações de poder. São elas que estabelecem os critérios de validade e legitimidade. Assim, o que temos são hipóteses parciais e temporárias do que pode ser verdadeiro ou falso. O gênio Rousseau também ensinou: "A Razão não é um aspecto primordial da alma, mas uma habilidade adquirida ao longo do desenvolvimento humano".

A melhor maneira de se aproximar um pouco mais da verdade (ou da razão) é discutindo-a. É preciso se expor, dialogar, lançar-se ao debate. E não há outra época tão boa para as discussões sobre o que é ou não verdade como a de agora. É num dosmomentos políticos mais importantes para o Brasil e para nossas cidades que devemos refletir e questionar. Afinal, as coisas só acontecem graças a isso.

Nós, aqui do Expresso, tentamos colaborar para o achamento dessa verdade tão pretendida por todos. Há anos travamos discussões e choques entre todos os articulistas do jornal com seus livres pensares. Esse sadio debate tem nos dado vida por mais de 20 anos e assim seguiremos. Lógico, sempre despretensiosos em querer ser fábricas de ou da verdade. Nossa pretensão é a de alertar, armar o debate e sermos lidos.
* (Jornalista e professor -  Santiago -  RS) 

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