domingo, 23 de agosto de 2009

20 anos de Jornalismo


Nossa união

Noivamos e casamos no mesmo ano de 1988. A menina Suzana virou a senhora Lemes da noite para o dia. Eu nem sabia ao certo o que era ser um homem casado, e não só juntamos as escovas de dentes, como também as minhas posses: um aparelho de som e um velho cobertor.

A roupa do corpo não conta. Tudo o que eu ganhava como leiturista usava para ajudar minha mãe com as despesas da casa e, se sobrasse algo, investia na minha pessoa. Tive que acordar desse deslumbre em termos de aplicação financeira e pensar na vida de senhor casado. Eu teria que repartir o quase nada com alguém.

Graças ao seu Mário, fomos morar na Cohab, o “velho pombal” (naquela época era novo) lá do bairro de Fátima, em Cruz Alta. O sogrão comprou as chaves por uns três ou 4 mil reais e lá se fomos após as núpcias, vividas em Júlio de Castilhos, mesmo tomando emprestado o apartamento daquela prima da Suzana, a Rejane, que se casara primeiro. Ela e o esposo Jacimar moravam num apartamento muito bom, no núcleo do BNH (Banco Nacional de Habitação).

Já em Cruz Alta, de apartamento novo lá na Cohab, faltava só a mobília. Algo fácil para o Supermário. Ele arranjou tudo com um amigo que, por problemas com a lei, não poderia se apresentar na redondeza e aguardava o tempo correr confinado num longínquo local. Aquele afastamento não lhe permitia desfrutar dos seus próprios móveis, coisa que nos encarregamos de fazer por uns dois anos e pouco.

Mais tarde, juntei um troco e devolvi o pagamento das chaves do apartamento ao seu Mário, que tratou de comprar um para ele também. Ficamos vizinhando por um tempo até ele mudar-se em definitivo para Rio Grande, onde defendia o pão dos outros filhos com suas redes largadas no Oceano Atlântico.

O seu Mário era casado com outra mulher, e a sua legítima foi morar lá em casa. A dona Noemi era muito doente. Sofria de ataques epiléticos e passava caindo. Em seguida, veio a Sandra, minha cunhada, e, bem mais tarde, tivemos também a companhia do Marinho.

No ano seguinte ao casório, nasceu o Fagner. Hoje ele está com seus 19 e picos, o mesmo número de anos que tenho como jornalista. Como a vida era difícil! Ele ficava nas creches. Quem o levava para lá era a Sandra. Ela ajudou muito em sua criação. Chorão, bravo e inquieto, o Fagner, apesar da sua carinha linda e angelical, com seus cabelos louros e cacheados, nunca se acostumou às creches. Eu o chamava de pequeno aporreado.

Nenhum comentário: